Conheça os cases das empresas vencedoras do programa Melhores Práticas de ESG e os resultados da Pesquisa ESG 2024
Na segunda quinzena de outubro foi realizado de forma on-line o XX Fórum ESG do Sindipeças. Larissa Torres, analista de Sustentabilidade do Sindipeças, apresentou a Pesquisa ESG 2024. Juliano Picoli, gestor de Projetos na FGV, Claudio Anjos, presidente da Fundação Iochpe, e Tiago Isaac, professor do IBGC, falaram sobre práticas de ESG, deram dicas para as empresas iniciantes nesse processo e responderam a perguntas dos participantes. Patrícia Bittencourt, gerente de ESG e Sustentabilidade do Secovi-SP, falou sobre avaliação da materialidade. No final do evento foram apresentados os vencedores do programa Melhores Práticas de ESG.
Pesquisa ESG 2024
Com a participação de 116 empresas associadas ao Sindipeças, 57% de grande porte e as demais pequenas e médias, o que no total representou mais de 20% das associadas do sindicato, uma das constatações da pesquisa foi que a maioria, 92%, considera ESG na sua tomada de decisão e 75% delas têm uma área específica dedicada a esse tema.
Quanto ao grau de maturidade, 96,4% das associadas estão pelo menos no estágio 1 e quando questionadas sobre os benefícios alcançados pelo ESG, conformidade regulatória ficou em primeiro lugar, seguida pelo uso sustentável de recursos naturais, mitigação de riscos, melhoria de imagem e a vantagem competitiva. “Os benefícios existem e eles fazem parte das consequências das ações de ESG trazidas para as empresas”, afirmou Larissa.
Ações ambientais – Dentre as ações e controles ambientais, Larissa contou que elas estão bem disseminadas nas empresas respondentes. “Desde a gestão ambiental e prevenção da poluição até a qualidade do ar interno, eficiência energética e poluição sonora. São temas que são efetivamente tratados dentro das empresas e elas possuem programas estruturados”.
As ações sociais – A pesquisa também constatou que as empresas atuam ativamente com ações sociais, entre elas, internamente, nas questões de saúde ocupacional, treinamento profissional e política de benefícios.
Governança – Ao contrário das ações ambientais, algumas empresas ainda caminham para ter programas estruturados de governança. “A gente vê um pouco de diferença entre social e meio ambiente. Muitas empresas conhecem e aplicam, mas não possuem programas estruturados, mas acredito que no ano que vem a gente já possa ver outros resultados”, otimizou Larissa.
Emissões atmosféricas – 70% dos respondentes idealizam o inventário de emissões de gases de efeito estufa e de forma semelhante, 68,2% têm metas. Junto aos seus fornecedores, 37,3% das empresas têm conhecimento sobre a realização de inventários de emissões de gases de efeito estufa por parte deles e 35% possuem conhecimento e se utilizam de metas ou não.
Objetivos de desenvolvimento sustentável – Dentre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas), a pesquisa constatou quais eram os mais representativos nas empresas. São eles: consumo e produção sustentáveis; indústria, inovação e infraestrutura; saúde e bem-estar; energia limpa e acessível, trabalho decente e crescimento econômico. E, ainda, 88% dos respondentes conhecem os objetivos de desenvolvimento sustentável.
Programa Melhores Práticas de ESG
Nessa edição da pesquisa foram inscritos 44 trabalhos. Os três melhores avaliados foram o Programa de Integridade, da Cinpal, Ressignificação dos Resíduos de Embalagens de Madeira, da Seg Automotive, e Engenharia Reversa como Estratégia para Avançar na Sustentabilidade, da Cipatex.
Programa de Integridade – Apresentado por Gabriela Soares, coordenadora de ESG & Compliance na Cinpal, o Programa de Integridade adotado tem sete pilares: Suporte da alta administração; avaliação de riscos; código de ética e conduta; treinamento e comunicação; canal de denúncias independente, investigações internas e controle e diligência.
Segundo Gabriela, “decidimos definir sete engrenagens dentro do programa, que podem ser chamadas de pilares. Cada empresa trabalha de uma forma, o importante é que (os pilares) sejam aliados às melhores práticas. Algumas empresas adotam no programa de integridade um pilar de diversidade e inclusão. Na Cinpal, como temos a área de ESG Compliance, as áreas estão bem segmentadas, então, foi uma opção nossa não incluir esse pilar”.
Gabriela destacou que um dos pilares mais importes dentro do programa de integridade é o suporte da alta administração. “Sem esse pilar, a existência do programa se torna inviável. É importante essa participação e no fomento de todas as práticas que vão advir depois da construção do programa”, relatou.
A coordenadora de ESG & Compliance na Cinpal comentou cada um dos pilares. Sobre o sétimo, disse ela. “Diligência é crucial para avaliar os riscos associados aos nossos parceiros, fornecedores e prestadores de serviços. Além de minimizar os riscos, ela fortalece a transparência e a confiança nas relações comerciais, assegurando que todos os parceiros compartilhem os mesmos valores éticos e compromissos com a integridade”.
Ressignificação dos Resíduos de Embalagens de Madeira, da Seg Automotive – Com capacidade de produção de 1,5 milhão de peças de alternadores e 1,3 milhão de peças para motor de partida, na fábrica em Itupeva (SP), Thiago Torres, analista de Logística Sênior da Seg Automotive, contou que 60% dos resíduos no processo produtivo estão relacionados às embalagens que contêm madeira, plástico e papelão. Os dois últimos têm atrativo comercial para reciclagem, enquanto madeira tem uma destinação mais difícil.
Antes do projeto, os resíduos de madeira eram retirados por parceiros, sem compensação financeira para a Seg Automotive, e destinados à produção de biomassa. Foi então que eles buscaram uma solução sustentável, dentro do conceito de economia circular, economia solidária, com parcerias com o poder público e o terceiro setor. “Dessa forma, evoluímos em três frentes: reuso dentro do processo logístico (das embalagens), para uso interno e para exportação. O segundo, a nossa menina dos olhos, é um projeto social para a construção de móveis. O terceiro, o que sobra de todo esse resíduo, continua como destino à geração de biomassa”.
Thiago acrescentou que eles estão trabalhando junto aos seus parceiros para propor oficinas de capacitação de marcenaria, para beneficiar não apenas quem aprende uma nova função, mas também a comunidade em si. “Estamos firmando parcerias com a prefeitura de Jundiaí (SP) para realizar, com o suporte do Senai, treinamentos para que através do terceiro setor possam gerar emprego e renda com a venda de móveis e produtos que foram gerados dos resíduos de madeira”.
Engenharia Reversa como Estratégia para Avançar na Sustentabilidade – Com uma experiência de mais de 15 anos com o envio de resíduos sólidos para reuso por agentes externos, a Cipatex desenvolveu um projeto envolvendo a economia circular de forma que as sobras do pro
cesso produtivo são direcionadas para reutilização interna e externa. Começou com a reintrodução de sobras em um único segmento, expandiu-se para quatro setores, incluindo o de pisos automotivos. A unidade fabril de Cerquilho (SP) tem uma capacidade produtiva de 50 mil toneladas por ano, o que representa 50 milhões de metros lineares de laminados sintéticos.
Na fabricação do laminado, todo início e final de rolo têm uma perda de processo. O laminado, antes destinado aos fabricantes de bancos de automóveis e de móveis, orientando-os a dar um destino correto para a reciclagem, o que a Cipatex já faz há tempo beneficiando os artesões com as sobras de algodão, ela passou a entregar o laminado aos fabricantes já refilado.
Esse refilo tem uma manta, que pode ser de substrato ou algodão, transformados em tapetes de crochê pelos artesões. Eles também utilizam restos de PVC para criar produtos de baixo custo, como chinelos e aventais e, ainda, as sobras de PVC são reutilizadas por uma empresa para produzir solados de calçados. A engenharia reversa também proporcionou à Cipatex economia com a criação de novos produtos.
“Quando começamos em 2022 foram 1,6 mil toneladas, a maior parte disso era de laminado sem o tecido, mais fácil de discernir. Neste ano serão mais de 2 mil toneladas. Isso é importante, pois acabamos reduzindo matérias virgens e custo. Se eu fosse vender esse material para terceiros, eu teria uma receita de R$ 5 milhões. Usando internamente, custa R$ 9 milhões, mas olhando para a matéria-prima, eu teria um custo de R$ 12 milhões”, comparou Sara Trevisani, coordenadora de Segurança e Meio Ambiente da Cipatex.
Ela também pontuou os benefícios. “Somente esses 2 milhões de quilos (2 mil toneladas) proporcionam uma produção mais sustentável, redução de CO2 pela não compra de matéria-prima virgem não transportada, aumenta a valorização do resíduo pela sua transformação e contribui para o bem-estar da população. A partir do momento que não estou transportando matéria-prima, eu não estou emitindo CO2. É menos poluição e aumento da vida útil dos aterros industriais”.